sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Cantando na chuva, dentro de um veleiro.

Rio de Janeiro, lagoa de Marapendi, 18.11.2021.

Última ou penúltima aula de aprendizado em manejo de veleiro, não sei.

Marcelo, professor, me orienta na preparação do veleiro para a tarefa do dia: atravessar a lagoa, contornar uma pequena ilha e retornar. 

São 15h e a tarde está agradavelmente ventilada.

Viagem solo, acompanhado atentamente por outro veleiro, motorizado para suprir eventuais transtornos e comunicação por rádio para não sair do que foi combinado e evitar possíveis absurdos.

     Foto do veleiro utilizado 

Início tatibitati, ou seja, aos tropeços, vejo-me orgulhosamente feliz singrando ao objetivo com largos zigzags, muita pretensão e habilidade naif.

Desconhecedor do local, raspei alguns bancos de areia e não satisfeito, encalhei. Orientado, peguei um remo e pela proa coloquei o veleiro de volta na brincadeira.

Climax do desafio, a ilha. Contorno a bombordo, entro no canal, vegetação espessa e alta, vento zero e eu, diante do inusitado, meia hora depois do mexe aqui, mexe ali, escuto o Marcelo orientar, levanta a quilha e o leme que você encalhou. 

Desafio superado, notei que a tarde se foi e a noite chegou com chuva. Pensei: vento de popa, afrouxo a vela mestra e a genoa e tacalepau, chegaremos logo.

A chuva aumentou, o vento parou e pensei: só não pode cair raio. 

Quase parado no meio do lago, distante uns 900 metros do cais, chuva forte, molhado, com frio e meio eufórico com a adrenalina ao invés de temor, escuto o Marcelo pelo radio: põe o casaco, se trovejar eu te reboco.

Rebocado no meu primeiro solo, humilhação maior não deve existir. Nesse momento a genoa fez uma barriga e a mestra acompanhou. Sinalizei que ia na banguela até aonde desse.

A chuva aumentou, o casaco não conteve a água, o frio começou a incomodar e o vento parou de novo.

Não teve jeito, a 100 metros do cais fui rebocado e chegamos bem e inteiros.

Conclusões e reflexões:

Num relacionamento, você se casa não com as virtudes e sim com os defeitos da pessoa. O que explica isso é o querer, o amor, a paixão, a necessidade, o que você quiser chamar.

Que venham novas tempestades e céu de brigadeiro também.


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